Asas de papel - Capítulo 2

O feriado passou como se nada tivesse acontecido,o ano estava se passando assim...Minha vida,em toda a minha sociopatia, prosseguiu seu curso normalmente,como se nada tivesse acontecido comigo e Gregório – agora o chamado Greg – aliás,por causa daquilo,desenvolvemos uma amizade forte,durante todo o ano.
O ano letivo de várias escolas já tinha acabado,mas algumas continuaram tendo aulas,dessa forma,certo dia combinei com Greg de nos encontrarmos na quadrada e batermos um papo,matarmos o tempo – já que nenhum dos dois tinha nada realmente importante na escola – infelizmente Greg parecia atrasado,visto que combinamos estar lá às 14:30,e já eram quase 15:00,resolvi me poupar de espera-lo,então ali,sentado nas arquibancadas da quadra liguei pra ele.

-Alô,Greg?Aconteceu alguma coisa? Já estou meio que preocupado,aqui... – Falei diminuindo meu tom de voz.
-Pôxa cara,desculpa,mas não vai dar pra eu ir,você sabe,meus pais são donos de uma padaria,hoje tive que ajuda-los porque está muito movimentado! – Podia-se ouvir sons de sacolas de papel s movimentando e sendo amassadas por ali. – Marcamos de sair outra hora,pode ser? – Completou.
-Claro,não esquenta com isso! – Disse tentando não parecer desapontado – Vê se você pode sair mais tarde,ou,por via das dúvidas,eu te ligo. – Eu também não sei porque eu disse aquilo.
-Assim que eu conseguir fugir daqui passo na sua casa,pode ser? – Disse com entusiasmo.
-Ok,então.Um abraço pra todos aí,tchau!
-Até!
Fiquei com o telefone na mão olhando pro nada,por alguns instantes,comecei a descer das arquibancadas e notei certa movimentação num campo próximo,atrás de mim.
Andei por alguns metros,fui a um supermercado e comprei refrigerante e porcarias pra comer.Como nas férias sempre acordo depois do meio dia – as vezes depois das 14:00 – eu estava com muita fome.Pensei em ligar para Emily me acompanhar,infelizmente a bateria do meu telefone celular acabou logo que cheguei,acho que isso seria um problema.Enquanto comia um salgadinho,uma retrospectiva enorme daquele ano passou diante dos meus olhos,nada muito demorado,na verdade nem havia muito o que se recordar.Apesar de morar em Belo Horizonte,meu meio social – quase nulo -  nunca foi muito violento.Eu não entendia o “por que” de estar num estado como aquele,pensando na vida da forma mais sombria que já havia feito,cada aspecto negro da minha vida começou,então,a passar pelos meus olhos.”Eu vejo os anjos,eu os liderarei à sua porta,não há escapatória.Sem mais piedade,sem mais remorso,porque eu ainda me lembro...do sorriso quando você me rasgou em pedaços.” – Me lembro de ver essa tradução em algum lugar...
“Vou pra casa”,pensei,ali mesmo comigo,de cabeça abaixada sussurrei:
-Eu não preciso pensar nisso,apenas viver.
Terminei meu salgadinho e me coloquei a descer a escadas,lentamente,percebi que a movimentação no campo atrás da quadra se tornou menor,haviam quatro ou cinco caras ali,nem parei pra ver o que era,continuei descendo.Na quadra,haviam apenas duas grades,atrás dos dois gols,eram duas grades enormes,para impedir que a bola por ventura fosse parar num campo ou na rua,atrás dos dois gols.Aquele não era um bom lugar pra se ficar sozinho,mesmo à tarde.Mesmo assim isso não é desculpa para o que aconteceu.A quadra não tinha grades em todos os pontos,portanto,não tinha portas,e a arquibancada era facilmente alcançada.Assim que cheguei no último degrau,pulei.Confesso que perdi um pouco do equilíbrio no impacto,mas nada grave,eu sou sempre desajeitado assim.Entre um passo e outro,eu podia ouvir discussões,tinha um homem estava usando um telefone público,parecia aflito.Minha missão de entreouvir um grito e outro dos desportos das outras quadras foi interrompida quando um garoto apareceu na minha frente,não aparentava ter mais de 16 anos,mas estava em plena forma física,o olhei por alguns segundos e prossegui a passos largos minha jornada.Ao passar por aquele garoto de pele morena,que deveria ter mais ou menos 1,70m ,fui empurrado por ele,ele então desferiu um soco que por sorte consegui defender,não sabia o que estava acontecendo,antes mesmo que eu pudesse pensar em uma forma de fugir dali,senti uma mão me puxar pelo ombro,mal puder ver o rosto do rapaz e já estava sentindo as dores de mais um soco.Inevitavelmente,pela minha falta de firmeza nas pernas,senti-me perdendo o chão,foi uma queda dolorosa,o jovem que havia me socado começou a me chutar enquanto estava caído no chão,percebi mas três garotos se aproximando,dois deles seguravam pedaços de madeira espessos.O terceiro rapaz – o maior deles – começou a me dar chutes fortes,me recolhi,colocando os braços sobre a cabeça,numa tentativa inútil de me defender.Pude sentir sangue escorrendo do meu nariz,nunca havia sentido aquilo antes,eu estava perdendo consciência quando,eis que me aparecem dois caras em meio a um golpe e outro,consegui olhar pra cima,e pude ver um deles chutando um rapaz com um pedaço de pau,desarmando-o.O outro desferiu alguns socos no outro rapaz armado.Não podia aguentar mais,desmaiei ali mesmo,e nem sabia se ia acordar.
-Hey,cara,acorda.Acorda se filho de uma... – Que foi seguido de uma bofetada,me fazendo acordar com aquela voz grave me reanimando. – Você quase morreu,sabia? – disse enquanto me olhava firmemente.
-Vocês... – olhei a minha volta e vi dois caras caídos,os outros,provavelmente,correram  - Obrigado...
-Que isso,não podíamos deixar aquilo passar batido – ele me estendeu a mão para que me levantasse – Pode se levantar.
-Acho que sim... – Peguei a mão dele sem hesitar e fui puxado cuidadosamente.
Era um jovem afro-descendente em uma ótima condição física.Ele me ajudou a andar de volta até as arquibancadas,e lá estava o outro rapaz que tinha me ajudado,mesmo sem conhece-los,podia sentir que me tornaria um bom amigo deles.O outro jovem tinha uma expressão fria,era pálido,muito pálido.
-Tome mais cuidado,nem sempre nós vamos estar aqui – Este tinha uma voz grave,mesmo assim,expressava tremenda melancolia.
-Obrigado por tudo,me chamo Jorge,qual o seu nome?
-Me chamo Matheus – Respondeu deixando com que seu cabelo na altura do ombro pudesse cair um pouco mais,enquanto olhava para o nada.
-Meu nome é Bruno,tenho quinze anos. – Disse ele ao me olhar com uma expressão amigável.
-É um prazer - Estendi minha mão,na esperança de encontrar a dele.
-O prazer é meu. – Que foi seguido de um breve aperto de mão firme.
- Infelizmente precisamos ir,estávamos apenar fazendo nosso treino diário. – Matheus disse enquanto colocava uma mão no bolso e tirava um pequeno papel. – Aqui,esse é o meu telefone,mantenha contato,você é um cara interessante. – Disse enquanto soltava um leve sorriso por entre seus cabelos ruivos.
-Somos do primeiro ano da escola Parque das Rosas,não se esqueça disso! – Bruno disse acenando pra mim a metros de distância.
Por mais uma vez senti a solidão tomar conta de mim,sentado nas arquibancadas no mesmo lugar,não fui capaz de perceber um rapaz de olhos claros,vestindo uma jaqueta cinza – incomum para o verão – sentado ao meu lado,com os cabelos loiros cortados baixos,olhos claros e suaves.Com uma
-Oi – disse ele acanhadamente. – Me chamo Davi.
-Olá...já nos vimos antes? – Disse com certo anseio.
-Acho que não...sabe,aqueles garotos que você estava ante,são da minha escola...
-Sei... – disse enquanto olhava pra ele aflito.
- Sou do segundo ano do Parque das Rosas,é um prazer conhece-lo. – E me estendeu a mão.Após o pequeno aperto de mãos prossegui.
-Me chamo Jorge, o prazer é meu...
- Cara,vou te dar um conselho,não anda sozinho.
-Ué,por quê?
-Esses caras aparecem sempre,devem ter te confundido com o alguém da equipe do Matheus e o Bruno... – Concluiu.
-Eles vão participar do CRAML? – Perguntei sem pensar.
-Vão,e eu também vou. – Levantou-se,colocou a toalha nos ombros,e olhou e continuou: - Sou do clube de wrestling do Parque das Rosas.
-Wrestling?Tipo os caras da tevê?Luta livre mesmo? – Ele riu dessa sessão de perguntas.
-Mais ou menos isso...mas preciso ir,logo nos encontraremos de novo,eu espero. – Disse com certa seriedade – Se quiser aparece pra conhecer os outros clubes do Parque das Rosas,será muito bem vindo.
- Obrigado,foi um prazer.- E me despedi dele com um sorriso e outro aperto de mãos
Agora eu tinha outra missão difícil,descobrir quem da equipe de Matheus e Bruno foi confundido comigo,e por quê.

7 comentários:

Unknown disse...

Neeem escreve bem neh ... humm.. eu quero escrever assim tbm ç.ç
Enfim.. mto boa a fic :D posta o cap 3 /o/

Momento de tirar uma onda- Conheço os personagens principais da fic HÁ! Afogue-se em lágrimas ! hohohoho.
tah parei..

hehehe.
Adorei. Posta mais ^^

Bye: Saah ;*

Akagitsune disse...

Pô, tá muito boa essa fanfic =)
Continue, estou muito curiosa! Agora com novos personagens fica mais interessante =D

UP!

Gabrielle disse...

Escreve mt bem cara...ah! que raiva, queria 1/3 de tamanha criatividade e capacidade!!
Continua assim Brother! =)

Láu disse...

*.* Maravilhosa ff.

Ò.Ó Fiquei com curiosidade de saber como continua.
Despacha-te a acabar :P

Ayumi disse...

Gostei da fanfic *-*
Ò.Ó Fiquei com curiosidade de saber como continua.²
Continue logo =^-^=

Ja nee

Mandy disse...

nossa vc escreve muito bem e a diferença de outras fics q eu ja li é q vc coloca os sentimentos dos personagens.

BlueGirl disse...

Tá muito bom mesmo! Como a Mandy~chan disse, você deu emoção aos personagens, e deixou a fic com mais vida e real, como se estivéssemos vendo o que o personagem vê *-* Vou ler o cap.3 agora ! o/